Eram uma vez dou rapazes e foram para a praça; assentaram praça n’um dia ambos; eram muito amigos e tiveram baixa tambem ambos n’um dia. Vieram uma parte do caminho juntos e depois separaram-se, que eram cada um da sua banda. Quando se despediram um do outro disseram: «Tu has de fazer um convite e eu hei-de ir a elle e eu hei de fazer um convite e tu has de via a elle.» Passados tempos, ahi se apresenta um d’elles aonde ao outro, e disse-lhe: «Fulano, o meu convite está prompto; quero que appareças a elle.» E elle disse: «Eu não sei para onde hei de ir.» «Vae á esquina da tua casa que achas lá uma burra aparelhada; monta a cavallo que ella lá te leva.» O homem assim fez; a viagem era comprida; chegou a um sitio e encontrou uns padres a fazerem um officio n’uma capella e elle foi para dentro e assistiu á missa. Caminhou; seguiu a sua jornada e chegou a um palacio muito aceado onde estava o camarada. Esteve lá; havia lá muito que comer; muito que tocar; muitas alegrias; o homem esteve alli n’uma regalia. O camarada disse-lhe: «Camarada, é preciso ires-te embora.» — «Não, eu não vou d’aqui embora mais.» — «Camarada, vae-te embora que isto por ora não é para ti; ainda ha de vir a ser.» O homem montou a cavallo outra vez na burra e caminhou. Chegou onde era a tal capellinha e ella estava cheia de silvas e elle disse para uma mulher que estava a fiar na roca: «Isto que desgraça foi aqui?» «Que é?» «Pois isto, esta capellinha tão linda deixaram-n’a alagar e encher de silvas?» A mulher disse-lhe: «Ella já está alagada ha muitos annos.» Elle disse: «Ainda aqui passei hontem e ouvi aqui missa.» «Vá-se embora homem; você está tolo; essa capella está alagada ha muito anno.» «Ainda aqui passei hontem.» «Vá-se embora homem; você está tolo.» Foi-se o homem embora; chegou a casa e d’ahi a tres dias morreu e foi para o ceo.