O Leão e a Leoa tiveram três filhos; um deu a si próprio o nome de Coração-Sozinho, o outro escolheu o de Coração-com-a-Mãe e o terceiro o de Coração-com-o-Pai.
Coração-Sozinho encontrou um porco e apanhou-o, mas não havia quem o ajudasse porque o seu nome era Coração-Sozinho.
Coração-com-a-Mãe encontrou um porco, apanhou-o e sua mãe veio logo para o ajudara matar o animal. Comeram-no ambos.
Coração-com-o-Pai apanhou também um porco. O pai veio logo para o ajudar. Mataram o porco e comeram-no os dois. Coração-Sozinho encontrou outro porco, apanhou-o mas não o conseguia matar.
Ninguém foi em seu auxílio. Coração-Sozinho continuou nas suas caçadas, sem ajuda de ninguém. Começou a emagrecer, a emagrecer, até que um dia morreu.
Os outros continuaram cheios de saúde por não terem um coração sozinho.
A narrativa tradicional moçambicana é uma história triste que fala sobre o papel da família e a urgência de termos alguém que cuide de nós, que nos proteja e esteja do nosso lado.
Coração-Sozinho traçou o seu destino logo que escolheu o próprio nome. É como se o pequeno leão tivesse declarado que não precisaria de ninguém, já que seria eternamente solitário.
Enquanto os irmãos recebiam os ensinamentos do pai e da mãe, evoluindo com o tempo, ele estava só e não conseguia caçar. Assim, o leãozinho aprendeu tarde demais que precisamos uns dos outros para sobreviver neste mundo.